31/07/2008


Este é o momento de Lia. É quando ela começa a perceber as grandes mudanças que aconteceram na vida dela. As escolhas mais insensatas que traçaram seu destino. E ela começou a acreditar no impossível. Não questiona mais as mudanças bruscas, nem a dor na hora mais difícil.
O vento passa e Lia busca analisar o que ele transforma. Se hoje ela tem poucas manchas na pele, é porque escolheu o protetor solar nos dias mais quentes. Se o cabelo está ressecado, é porque a tintura no cabelo realmente prejudica.
Alguns homens passaram na vida de Lia, mas poucos são aqueles que ela escolheu para viver a paranóia da paixão. E os poucos por quem ela se apaixonou, esses machucaram-na de tal maneira que refletiram no que ela é hoje: mulher desconfiada, na maioria das vezes muito calada, e quase sem coração. Levanta a bandeira de que a maioria dos homens não merece a beleza do amor de uma mulher e veste a camisa como uma proteção feminista -“Meu coração eu só dedico um tiquinho para os homens”.
Sim. A maioria não merece a paixão de um coração feminino. E é por isso que alguns homens sentem tanta dificuldade em lidar com este tipo de mulher: as bem resolvidas. É nisto que Lia acredita.
Lia tornou-se forte. E a fortaleza dela não significa que tenha virado uma filha da puta, mas sim uma mulher livre e desencanada. Ela pode até ter vários homens, mas nenhum homem a possui por inteiro. Quem sabe um dia alguém mereça todo o amor guardado nesse coração fechado…
Lia aprendeu a se proteger e a cuidar de si mesma. Lembrava o quanto era bom dormir e acordar sem consciência pesada. Ela já tinha feito muita coisa errada… Mas agora Lia enxergava tudo melhor, tudo parecendo beleza. Desencantou-se com alguns conceitos de sentimentos. A felicidade já estava dentro dela e ela resolveu trabalhar nisso. A vida começava a ter mais cores e a trilha sonora que Lia tanto sonhara era suave. Agora cada escolha tinha um sabor diferente. Uma roupa nova ia ter sabor de mel; um barzinho com amigos, sabor de uva. Um novo amor, sabor de menta... um friozinho que quando acaba deixa um gosto de quero mais.
Lia foi andando sem medo. Percebendo que depois de todos esses anos, se apaixonou por alguém que nunca imaginaria que pudesse conseguir. E como toda paixão, só conseguia pensar nessa pessoa. Viver os planos dela. Lia se apaixonou por ela mesma.
Lia mudou o cabelo, pegou suas coisas e sem dramas nem nada, seguiu seu rumo. Saiu sem bater a porta. Sozinha. Deixou a chave lá dentro, não sentiu nenhuma dor.
É bom descobrir as modalidades que um amor pode alcançar. Lia agora só pensava em levar a felicidade ao mundo. Ao seu mundo.


Crys

24/07/2008

HAI KAI


teu corpo pousa
sou toda ninho
pássaro de sol


meu corpo líquido
tuas mãos mergulham
infindável cio


provo tua boca
inauguro teus olhos
no mais fundo de mim

Tânia Aranha

21/07/2008

Da série : As cartas que mandei - IV


Sei que na escuridão do teu quarto, deitado nu em tua cama, sofre pela ausência dos meus cabelos esparramados sobre o teu travesseiro questionando quais cheiros eles têm. Imagina nos meus pêlos a tua inicial desenhada e se enche de desejo e consumação (que direito tem a cabeça de achar que manda no corpo, não é mesmo?), já que queimo (n )os teus sonhos.

E intui (é Homem...) o que eu já sei (sou mulher...): não é o céu que quero, agora (ah, o imediatismo das arianas!), meu momento está preso ao teu sorriso enquanto aguardo para me abrir sob o peso de tuas mãos, aos teus carinhos, nos beijos a adoçarem nossas bocas e servindo de fonte para as nossas sedes, na textura da tua língua a descobrir novas fronteiras no meu corpo, demarcando teu império.

A minha pele porejado teu nome, caminho do teu desejo, teu éden entre minhas coxas a te abrigar e curar tuas chagas. O meu alento será você, Homem, dentro de mim, a devorar-me em chamas, refém do incêndio em meu corpo, é quando apaziguará tuas dores, farto do meu cheiro. Eu bainha, (em) tu( a) espada.

Na escuridão do teu quarto, deitado nu em tua cama, imagina como é o meu gemer quando sinto prazer. E mesmo separados por todas as leis, segreda ao meu ouvido que, abandonando a lógica (deixa a lógica de fora das coisas que não são pra ela), você é só sentir, não existe nada além de mim. Isso se diz a quem ama, não? (sorry, I – still - can’t hear you...).

Então, quando terminar essa batalha estúpida (como qualquer outra batalha), vem, que eu te espero, não em uma das margens do Tietê, porque não serei um rio em tua vida (ainda mais o Tietê!), são outras as águas que aguardam para te banhar e outras são as margens nas quais você passeará enquanto provo do vigor dos teus (a)braços quando deixar a vontade tomar conta de ti e eu a pedir que me toque devagar, sem saber de limites, sem regras, lógica, tempo ou ritos...

Cherry

16/07/2008

NUNCA DANTAS NESTE PAÍS

Basta pum basta!!!

Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração!

Morra o Dantas, morra! Pim!

Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!

O Dantas é meio cigano!

O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!

O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!

O Dantas é um habilidoso!

O Dantas veste-se mal!

O Dantas usa ceroulas de malha!

O Dantas especula e inocula os concubinos!

O Dantas é Dantas!

Morra o Dantas, morra! Pim!
E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!

O Dantas é um ciganão!

Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!

Morra o Dantas, morra! Pim!

O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!

O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!

O Dantas é um soneto dele-próprio!

O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.

O Dantas nu é horroroso!

O Dantas cheira mal da boca!

Morra o Dantas, morra! Pim!

O Dantas é o escárnio da consciência!

Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!

O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!

O Dantas é a meta da decadência mental!

E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!

E ainda há quem lhe estenda a mão!

E quem lhe lave a roupa!

E quem tenha dó do Dantas!

E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!

E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.

E fique sabendo o Dantas que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.

Mas julgais que nisto se resume literatura portuguesa? Não Mil vezes não!

Temos, além disto o Chianca que já fez rimas prá Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos Castelhanos pra ser a derrota do Chianca.

E as convicções urgentes do homem Cristo Pai e as convicções catitas do homem Cristo Filho!...

E os concertos do Blanch! E as estátuas ao leme, ao Eça e ao despertar e a tudo! E tudo o que seja arte em Portugal! E tudo! Tudo por causa do Dantas!

Morra o Dantas, morra! Pim!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Morra o Dantas, morra! Pim!

12/07/2008

UNHA E CARNE


Mixwit

07/07/2008

Cau: vida noves fora é o que, Lê?

Lê: se noves fora é pq houve oito dentro, tá indo bem

Cau: qdo eu morrer não quero choro nem vela

Lê: sem vela? nem algemas? uma calcinha vermelha?

Cau: depois de morta? vou usar isso onde? no inferno???

Lê: inferno o kct, q não te quero perto do lula

Cau: mas pensa, só quero ir pro céu se for open bar, se não, faço companhia pro Lula e quem mais estiver por lá, pensando bem, deve ser bem mais divertido lá

Lê: ok, façamos assim, a gente vai pra onde o lula não estiver

Cau: combinado

Lê: combinado não quero, sem improviso é mpb

Cau: mas podemos encontrar por lá alguem que toque jazz, você dança comigo?

Lê: se o som for ruim eu danço, se for bom a gente bate palma

Cau: Lê, vc acredita em Deus?

Lê: só enquanto estiver vivo

05/07/2008